Texto não-escolhido _17
- Carol Dia
- 6 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Se vc me perguntar por onde andei?
Se vc colocar uma interrogação nas coisas
Perceber os bugs tilts
Vamos sendo acostumadas
A ignorar
Fácil assim
Não pensar na própria vida ou o que faz quando está sozinha
Chorar também as lágrimas das ilusões perdidas num futuro somente imaginado mas que nunca existiu
Vc acha que é fácil para mim vou a cada dia que passa me aproximando de mim mesma e aprendendo a beleza de estar e sentir vida viva descolonizar o corpo o pensamento êêêta processo longo
Dói uma dor que sufoca e atravessa a alma das lembranças
Um banquete de suspiros
Sabe a gula que vc abre a boca pro mundo e arregala os olhos
porque antes tudo era prisão
Reinicia sabe e vê
Se vê
O mundo está realmente diferente mas não precisa se assustar
Ressignifica o antes e segue a caminhada
Aaaah se eu te contasse todos os meus planos
Aaaaa as possibilidades da real grandeza do vasto mundo
Parece uma vida simples acordar cedo sem obrigação e respirar ouvir seu som alto alto alto
Vento que refresca no calor de suar
Não, eu não vou fazer o que eu não quero, não acredito e não me faz feliz só pq vcs querem que assim seja
Que assim seja sem ser
Será que não é perceptível pra vcs?
Todas essas vozes insurgindo de dentro
In sur gir
Eu sei o que sou eu
Sei o que eu quero
Eu sei que eu posso
E que eu posso querer ser mais
Não é sobre estar confusa
É sobre mim mesma esse corpo ser que só é e está
E uma multidão de outras comigo
Erguendo-se depois de tanta submissão
Pode parecer estranho mesmo, mas se agora sou diferente é porque nunca me olharam antes
Não, não foi da noite para o dia
Nada é
O que eu fazia nos cantos das bibliotecas, das salas de aula e dos recreios…
Queta, sempre queta, quase sem voz
Vocês acham que quando eu passava minhas tardes entre prateleiras empoeiradas atrás de óculos de grau desnecessários
Todos aqueles cintos amarras e máscaras
Que botaram torta envergada olhando pro chão
Eu nunca coube nesses espaços pequenos e quadrados demais
Mas não sabia nem que podia sair quanto mais como
Mas o caminho se abriu
E com ele coragem
Eu disse há muito muito tempo
Eu cresci firmei a postura e ando hoje com os pés virados pra frente
Sinto muito que achem que a eu preciso voltar pra consertar as coisas
Tão mais nova eu sou pra ter que ensinar coisas sobre o tempo e que o passado já passou…
Não consigo e disso também já me libertei
Me sinto feliz e aliviada por viver uma vida da qual a eu criança sonhadora que sempre fui se orgulharia
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