no último dia de um longo mês que passou rápido as relações com dinheiro emburram caras fazem bicos e mudam o humor das pessoas é duro e dura é essa vida precisamente por ser preciso inteirar em conta gotas a sobrevivência do início de mais um longo mês
amparada em que acreditar em si e espelhada em quem cuidar de ti？se o tempo se esvai cuidando de garantir o mínimo desdobrando o esforço multiplicando as mãos que trabalham supervalorizar a atençao o suor o sorisso mas principalmente o amor
recomeçar em forma de arco íris no início e no final sol e chuva e em setembro o chão florescer
andança matinal pra um sol no corpo água pra dentro dps um alongamento um tempo olhando o azul no céu às vezes me sinto sozinha sempre tentando fazer a coisa certa (que bom que não sou) descendo a rua da cobra pensei na provocação criativa cura pelo afeto consigo e com outrem
juro que estou fazendo tudo que posso e estou sempre pensando plural “não temos tempo pra o pouco não”* e sem tempo a perder se virar com o que tem manter o autocontrole e planejamento não é uma coisa assim tão fácil pelo contrário muitas vezes significa se limitar pensar no agora e no depois ？se precaver ou se antecipar ？lembrei de fechar as janelas regar as plantas catei feijão e não quero falar de não linearidade sim estou falando de coisas que aconteceram em agosto e outras de ontem pra falar de algum futuro onde ainda se tenha tempo pra ouvir as outras pessoas árvores pedras sentar na beira de um rio vivo brincar num campo de verdade verde aprender tocar e transgredir
como afeto cura água gente planta sentir contigo e consigo conte-me me chame pra passear aconchego é xeru comida silêncio cantarolando partilhando os caminhos os sonos assentos e guarda chuvas
equilibrando autonomia e cumplicidade o abraço foi sincero e vc vê logo pelo olhar acaricia a pele toca o espírito de quem diz amar？
Publicado pela primeira vez na 2ª edição da publicação de Arte Independente Gravidade
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