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  • Foto do escritorCarol Dia

Diálogo de Andança _série inverno 2019_n. 1



4 de julho noite 5 de julho manhã escrevo uma nota rápida como um sopro no ouvido dizendo veja brinco sobre sentidos porque não entendo muito nem os meus busco e soam essas ondas em sentimentos mergulho a cabeça mas não sei nadar a um passo pro futuro enxergo outro sonho distante ou um passado que não aconteceu e não posso dormir ainda ou essa angústia vai apertar minha mente-corpo e eu raramente lembro dos meus sonhos noturnos a vista quebrada dá lugar aos oi de jaboticaba só de manhã de dia eu saio e vejo concreto meus olhos me guiam para o cheiro da terra e quando vejo já estou aqui abraçando uma tarde sozinha de novo e lembro da voz na minha cabeça que me disse ontem que o caminho de alguns é msm mais solitário e que talvez eu só decifre o que me move quando tiver mais idade até lá me resta escutar com paciência os sopros do vento nas sobras do tempo do agora porque ainda me inquieta de mais ser fogo e não entender meu próprio transmutar...


6 de julho tardinha gosto de sair pra rua dispersar minha energia ando vejo a vida está simplesmente acontecendo em todo lugar o movimento do mundo é cíclico e não linear é óbvio demais dizer que o mundo não gira ao meu redor eu já sei que minha vida não é só o que foi ontem ou hoje eu tbm já sei escutar as coisas que o vento me sopra observar como não coincidência ver de longe a msm pessoa três vezes em curto espaço de tempo buscar entender a conexão entre o que foi e o que fiz com o que é e o que fizeram para alguns é loucura eu gosto de confabular o que essas coisas tem pra nos falar?


hoje o vento que me tirou de casa foi leve ando (pensando n)as coisas que vem no momento atravesso a loooonga viaaaaaaa recuso um panfleto de igreja e estou em paz o horizonte é imensa imensidão atravesso por baixo um minúsculo portal de mato na curva da garibaldi e penso em não esquecer aquela árvore torta e bela que me fez curvar atravesso por baixo o altíssimo viaduto reto não há como desviar do destino mar uma fresta de luz rosa de fim de tarde por trás do morro imunda a praia fazendo brilharem as micro ondas que serpenteiam na superfície da água na beira de maré alta a intensidade das ondas estronda agiganta quebra e encosta suave na areia que firma meus pés no planeta chão terra o barulho forte poderoso treme dispersa-se na tranquilidade do azul verde espumas brancas saltam lua nova sorri enquanto escrevo observo o movimento contínuo da água respiro quero sentir meu peso por alguns minutos balanço no meu próprio eixo estou sentada na areia abraçada às minhas canelas vou pra trás e pra frente o som chama o mar tbm balança esvazio de mim e vou ao seu encontro ao sentir um momento de calmaria vou rápido impulso afundo os pés na areia peço licença molho a cabeça a.fundo o corpo na água imersa o som agora vem de dentro o céu vai se escurecendo saio rápido expelindo e escorrendo toda água lavada molhada areada calma o vento vai me secar durante a próxima caminhada.


--


lembrandança de um dia que o mar me curou


Publicado pela primeira vez na publicação de arte independente Gravidade _Ed. Verão


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