29 de julho chove sem parar a água lava a sujeira dos predios e em alguns ela fica ainda mais evidente abro a janela e vejo tudo cinza muros e telhados pela ternite preta escorrem fios que restaram de água recém caÃda das nuvens pingos gotejam como se ainda não tivesse estiado cantos miudos de passarinhos passam com o vento desse estiar passageira nesse meio tempo vou à rua escorregadia pisar o mais leve possÃvel escada abaixo na avenida lama desvio atenção máxima pequenos deslizes revelam equilÃbrio escondido dentro de algum lugar em mim passarelas improvisadas de madeira descartada em alguns lugares onde a lama estende-se impedindo passagem sem afundar um pouco os sapatos e são muitos os seus rastros vou rápido não quero que a chuva me alcance gelada como algum olhar de manhã vejo o mercado vazio mais rápido ainda ele está atrás mochila pesa de mantimento amém sinaleira quebrada lá na rua tbm falta energia atravesso num passo de corrida a chuva vem numa encruzilhada (a do hospital)gavetas e pedaços desconfigurados de madeira velha esperam outra destinação talvez outra ponte numa poça de água barrenta um olha outro me dá passagem os primeiros degraus são os piores cansa respira os pingos da chuva vistos quase de baixo pra cima oriris transformam em beleza o concreto duro luto escrito num muro numa viela de qualquer quebrada e quebrando no próximo beco estou em casa.
Carol Dia